domingo, 7 de julho de 2013

Review - The Last of Us (PS3)

Roteiros pós-apocalípticos estão em voga, tal qual survival games. Se parar e pensar por um instante, facilmente lembrará de um punhado de filmes, séries e jogos com estas características. Então o que faz The Last of Us tão especial? Cada um pode pensar em uma série de motivos, mas, provavelmente, o que será unanimidade é: os personagens.

A parceria e o enredo
Joel e Ellie formam a dupla mais cativante das franquias modernas. Se completam. O triste passado, que o jogador vivencia no prólogo de The Last of Us, e o cíclico presente de trabalhos obscuros, caça por comida e abrigo, e sobrevivência a qualquer custo transformaram Joel em um adulto cansado: barba por fazer,  cabelo grisalho e expressão de esgotamento. Esse quadro começa a mudar quando conhece a parceira.

Jovem curiosa e corajosa, Ellie rouba a cena. Forças maiores a unem a Joel, quando de fato o jogo começa. Ellie é imune ao cordyceps, que transforma infectados em criaturas grotescas (desculpe, não quis usar a palavra zumbi). Essas criaturas são divididas em grupos, de acordo com o avanço da infecção pelo fungo, como Perseguidores, Corredores e Estaladores. Assim, escoltada justamente por Joel, Ellie, que supostamente carrega a cura do vírus, precisa cruzar um Estados Unidos pandêmico no ano de 2033, evitando os Infectados e os Caçadores, grupo hostil de sobreviventes, até os Vagalumes. 

Mas por que a dupla é tão fascinante? Devo enumerar três motivos. O primeiro é resultado da magnífica confluência entre o brutal realismo do jogo com um roteiro que coloca verdadeiramente o jogador na pele dos personagens. É impossível não sofrer junto com os personagens, não sentir-se solitário em um cenário arrasado e vazio e não sentir medo com a aproximação dos Estaladores (OHKO aqui: foi pego, morreu!). E os gráficos só aumentam  todas essas sensações, seja na captação de movimentos e expressões faciais ou no detalhado trabalho feito com os cenários. 

Ellie em ação: a dupla é unida até frente ao perigo. Mas quando são pegos pelos Estaladores, nada os salva
Em segundo lugar é preciso parabenizar os intérpretes. A dublagem, em português ou em inglês, beira a perfeição. Principalmente a americana. Troy Barker empresta sua voz a Joel, enquanto Ashley Johnson  incorpora Ellie com tanto carisma que vai ser difícil se desassociar deste personagem.

Por fim, a inteligência artificial e a programação do jogo. E aqui não entra questões como dificuldade dos inimigos ou coisas do gênero. O que chama atenção é a variedade de diálogos. Desde Ellie dizendo que sempre quis aprender a assobiar - e, mais tarde no jogo, finalmente aprendendo - a Joel tentando ensinar as regras de futebol americano para sua pupila (Ellie, ouça Joel, quando você assistir um jogo, tudo fará sentido!). Todos esses diálogos acontecem conforme o jogador avança nos cenários, servindo para fortalecer ainda mais a relação de pai e filho que se desenvolve entre os dois ao longo de The Last of Us.

Pontos negativos?
Feitos os merecidos elogios e provavelmente ainda em dívida com o jogo, tal sua grandiosidade, este review tenta agora fazer algumas críticas - e é preciso tentar com vigor. Mas vamos lá!

Prometido como um jogo não linear, The Last of Us, a primeira vista parece um game de mundo aberto. E, em partes, o é. Mas, depois de algumas horas jogando, a sensação é que, não importa o caminho que você pegará, de uma forma ou de outra ele te levará ao destino certo. E isso acontece mesmo nos maiores cenários. Você terá de fazer grande esforço para se perder aqui.

Outro questionamento que faço é mais abstrato. Apesar do realismo, por se tratar de um jogo de sobrevivência, The Last of Us deveria valorizar a morte. Explico: se você tenta sobreviver em mundo pós-apocalíptico, o que precisa fazer? Exato, não morrer! Mas em The Last of Us você morre uma, duas, três vezes, e morre, e morre mais um pouco. E isso não influencia em nada o decorrer do game. Sim, é difícil achar uma solução para isso, mas...

Considerações finais
Nada disso, no entanto, é motivo para diminuir a qualidade ou desvalorizar The Last of Us. A Naughty Dog alcançou a fórmula perfeita e o surpreendente é isso acontecer em um jogo que debuta no mercado. Nem a fantástica trilogia Uncharted - da mesma Naughty Dog -, que evoluiu com o passar dos lançamentos, e a série God of War alcançaram em qualquer game um nível tão alto. Não, The Last of Us é melhor. The Last of Us é um dos grandes, um clássico desta geração que está por terminar. The Last of Us é, até com alguma folga, o melhor exclusivo do PlayStation 3. E The Last of Us, ainda em meados de 2013, já é o Jogo do Ano.


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